O sobe-desce do Ibope na medição da audiência das telenovelas faz a gente pensar. Como diz um entrevistado no site de Veja, pode-se dizer que há uma “guerra de valores” entre os conteúdos de “Os Dez Mandamentos” (da Record) e “Cúmplices de um Resgate” (do SBT), ambas com audiência em alta, e “A Regra do Jogo” (Globo), que perde público. A violência presente nas novelas da Globo estaria afastando telespectadores para produções menos agressivas.
Na nossa opinião, isso ocorre, sim, mas a discussão não está bem conceituada. É evidente que o festival de agressividade causa repulsa em quem deseja entretenimento sadio. A dança das audiências é um sinal enviado pelo público que pode ser resumido assim: causar sensações expondo conteúdos violentos não é mais sinônimo de audiência. O nível de consciência e de consumo crítico da mídia parece estar em alta entre os brasileiros.
A discussão, no entanto, não deve se limitar às flutuações do Ibope. A mídia interfere profundamente na realidade ao estimular comportamentos e posturas. Não é à toa que o mercado publicitário movimenta tanto dinheiro. O desafio dos produtores de mídia é construir conteúdos que ajudem no desenvolvimento da sociedade e ao mesmo tempo sejam atrativos para o público.
Não é apenas um dever profissional e cidadão. A Constituição brasileira prevê em seu artigo 221 que a programação das TVs e rádios atenderão aos objetivos de promover “finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”.
É evidente que as mazelas da sociedade devem ser tratadas. A diferença está em mostrar problemas e provocar reflexões, mostrando consequências, ou apenas causar sensação para buscar audiência.
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